Foto: Renan Mattos
Por que a avenida de acesso ao campus da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) se chama Roraima? Você sabia que o arquiteto que projetou o campus foi estagiário de Oscar Niemeyer? Neste sábado (14), a UFSM completa 64 anos e, para celebrar a data, o Diário responde essas e outras curiosidades sobre a primeira instituição de ensino federal erguida no interior do Brasil, com base em levantamentos realizados por alunos de Jornalismo da instituição e publicados pela Revista Arco.
As curiosidades levaram alunos do curso de Jornalismo da UFSM a publicar, em 2022, a Revista Arco com diversas histórias sobre o campus de Santa Maria. O e-book reúne 23 curiosidades sobre a universidade em Santa Maria.
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A jornalista da Agência de Notícias da UFSM Luciane Treuliebfoi editora-chefe da revista, que fez publicações por 11 anos. Ela explica que, no formato impresso, a publicação tinha uma editoria chamada "Curiosidades", nem sempre focada na UFSM. Após a pandemia, decidiram reunir todas as curiosidades relativas à universidade em um e-book como fruto do trabalho dos repórteres – estudantes de Jornalismo que colaboraram com a revista ao longo dos anos.
– As pautas surgiam de nossas observações (minhas como editora e dos alunos e alunas) sobre aspectos do campus ou fatos curiosos relacionados à universidade que queríamos compreender melhor. Então, contatávamos as fontes institucionais para esclarecer os temas e apresentar essas curiosidades aos leitores. Era uma forma de chamar atenção e estimular as pessoas a conhecerem o campus. Em alguns casos, como os dos relógios de sol ou da propagação de som no arco de entrada, relacionávamos aspectos científicos aos espaços físicos do campus – explica Luciane.
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Confira algumas curiosidades da UFSM

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Você sabia que o Arquiteto que projetou o Campus foi estagiário de Oscar Niemeyer?

Oscar Valdetaro de Torres e Mello foi o arquiteto que assinou o projeto do campus sede da UFSM, recebendo um prêmio na Bienal de São Paulo por conta disto. Após vencer um concurso para projetar a Cidade Universitária, nos anos 1960, Valdetaro desenhou os prédios com inspiração nas belas paisagens do Rio de Janeiro, onde o arquiteto tinha seu escritório, em parceria com outros profissionais da área. Enquanto o desenho da UFSM criava forma pelas mãos de Valdetaro, o arquiteto recebia visitas frequentes do reitor e fundador da Federal, José Mariano da Rocha Filho, que conferia de perto o andamento do projeto. Após seu término, o profissional viajava uma vez por mês para Santa Maria para acompanhar seu trabalho ganhar vida. Entre suas criações, o arquiteto considerava a Biblioteca Central como a obra mais bela do campus. Confira mais sobre a história do arquiteto.
Você sabe para que servem as placas coloridas na entrada da UFSM?

Se você vai até a UFSM, diariamente, deve ter percebido as placas coloridas, uma ao lado da outra, que estão na Avenida Roraima, perto do arco da entrada. Elas fazem parte de uma pesquisa a longo prazo do Grupo de Estudos e Pesquisa em Pavimentação e Segurança Viária (GEPPASV) da UFSM. O experimento serve para constatar o tempo que uma placa de sinalização de trânsito resiste ao ar livre mesmo depois de exposições ao sol, à chuva e aos gases poluentes liberados pelos veículos. As placas foram instaladas em 2013 e tinha uma previsão de permanecer no local pelo menos até 2023, no entanto, ainda seguem no local.
Por que o principal acesso ao campus sede da UFSM se chama Avenida Roraima?

A Avenida Roraima, principal acesso ao campus sede da UFSM em Camobi, foi inaugurada em 1970 em homenagem à parceria entre a universidade e o Estado de Roraima. Essa colaboração começou em 1969, quando o então reitor Mariano da Rocha Filho, envolvido no Projeto Rondon, criou o Campus Avançado de Boa Vista para atender às demandas locais nas áreas de saúde e educação. Acadêmicos da UFSM viajaram regularmente a Roraima para realizar ações que resultaram na criação de cursos de graduação. O campus foi fechado em 1985, mas suas contribuições foram essenciais para a fundação da Universidade Federal de Roraima em 1989.
Onde foi a primeira Reitoria da UFSM?

Durante os primeiros anos da construção da Cidade Universitária, o reitor José Mariano da Rocha Filho não tinha um espaço para reuniões e recepção de visitantes. Em 1964, o professor Luiz Gonzaga Isaia propôs a criação de uma pequena casa de madeira para servir como escritório de obras e reitoria. A estrutura foi construída pelo carpinteiro Adalberto dos Santos Ferraz e tornou-se a primeira reitoria da universidade. Simples, com telhas de cimento amianto e um único espaço interno, a casinha posteriormente abrigou os Correios e Telégrafos e, hoje, é usada pelo Serviço de Vigilância do campus.
Você sabia que um Papa já visitou a UFSM?

Em 1975, Albino Luciani, cardeal de Veneza e futuro Papa João Paulo I, visitou Santa Maria para a 32ª Romaria da Medianeira, conheceu a Quarta Colônia e recebeu o título de Doutor Honoris Causa pela UFSM. Ele foi eleito Papa em 1978, conhecido como o "Papa do Sorriso", mas faleceu após 33 dias de pontificado.
Você sabia que é possível bater um papo na entrada da UFSM com poucas interferências?

Poucos sabem que o Arco da UFSM esconde uma curiosidade: se duas pessoas pararem embaixo da estrutura, uma em cada extremidade, e conversarem em tom de voz normal, ambas são capazes de se ouvir mesmo com todo o barulho do trânsito a sua volta. O fenômeno é o mesmo que ocorre na Catedral de Brasília, projetada por Niemeyer. Isso ocorre devido ao fenômeno da "galeria sussurrante", em que as ondas sonoras seguem a superfície curva do arco, canalizando o som até o outro lado com pouca interferência.
Porque a UFSM possui uma ponte seca?

A chamada "ponte seca" é, na verdade, um viaduto projetado para manter o fluxo do trânsito, conectando dois pontos com diferença de nível e permitindo a transposição de obstáculos. Originalmente, supunha-se a presença de um lago nessa depressão. Portanto, a ponte também serviria para atravessar esse bloqueio.
Os restos mortais do fundador da UFSM estão guardados no campus?

O Memorial de José Mariano da Rocha Filho, situado entre a Reitoria e o terminal de ônibus da UFSM, é uma edificação de 14 metros de altura, feita de concreto e espelhos, em homenagem ao fundador da universidade. A estrutura, que tem formato triangular, gerou mitos sobre sua ligação com a maçonaria e sobre a presença dos restos mortais de Mariano no local. No entanto, o engenheiro Pedro Saurin esclareceu a revista que o design foi inspirado por Antonio Carlos de Lemos, com o objetivo de simbolizar a luz do conhecimento. O projeto prevê, futuramente, a guarda dos restos mortais em uma urna e a conclusão de outras áreas, como um espaço de visitação e um lago. O financiamento do memorial foi realizado por meio da Lei Municipal de Incentivo à Cultura e pela família de Mariano da Rocha. Antonio Carlos de Lemos, 77 anos, explicou a ideia.
– O Memorial, localizado na área em frente ao prédio da Reitoria, foi construído para homenagear o Professor José Mariano, primeiro Reitor da UFSM. Lá se colocariam todos os pertences do Reitor Emérito, pelos 13 anos a frente da Reitoria. Creio que ainda exista uma Associação q alavancou o projeto, inclusive na busca de recursos externos – comenta.
Você sabia que a UFSM foi pioneira no uso da televisão para o ensino de cirurgia?

Em 1958, a Faculdade de Medicina de Santa Maria implementou pela primeira vez na América do Sul o uso de circuito de televisão fechado no ensino de cirurgia. O professor José Mariano da Rocha Filho, então diretor e chefe do Departamento de Cirurgia, solicitou ao governo estadual a compra do equipamento, mas o pedido não foi atendido. Em resposta, Mariano recorreu ao presidente Juscelino Kubitschek, seu amigo, por meio de uma carta, argumentando que a transmissão das cirurgias por televisão permitiria que mais estudantes acompanhassem as técnicas, além de reduzir os riscos para os pacientes. Kubitschek, médico de formação, atendeu à solicitação,viabilizando a implementação da inovadora ideia.
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